A lama é feita de dois
elementos de natureza feminina: a água e a terra. Há diversas
culturas que contam em suas histórias que o ser humano foi moldado a
partir da lama, do barro, da argila. Vendo por este lado, entendemos
que o corpo humano é feito pela matéria sólida (terra) e pela
matéria líquida (água), como é comprovado.
A lama está sempre em
território em que ninguém gosta de andar, geralmente chuvoso e
muito úmido, precisa usar galochas para não sujar a roupa. A lama
tem seu próprio ecossistema, vivendo animais e plantas específicos.
Na lama vivem os tão populares caranguejos (câncer), animais que se
alimentam de detritos, dejetos, matéria em decomposição.
Podemos dizer que na
lama há muita fertilidade, mas também é onde vive a morte. Nas
lendas africanas, os deuses responsáveis por esse território são
muito respeitados – por vezes, temidos – por serem energias que
regem a morte e também a mais profunda fecundidade.
Eu gosto de pensar que
sentimentos reprimidos estão exatamente neste território: na lama.
Tudo o que poderia ajudar a crescer e a prosperar, acaba sendo
colocado em um território em que se julga que morrerá, sendo
atirado para servir de alimento aos animais que andam para trás. O
que poucas pessoas entendem é que na lama não se morre aquilo que
está vivo, ele apenas entra em um estado de espera, se alimentando
de sobras e restos, buscando oxigênio vindo de todas as frestas,
consumindo sua energia e te travando no passado.
Assim fica você quando
joga algum sentimento na lama: ele continua vivo, porém contaminando
tudo o que você possui. A melhor coisa a fazer é tirá-lo da lama,
deixar ao sol para secar e aí poder tirá-la inteira sem deixar
sujeira.
Encare seus sentimentos
mais inóspitos.
Por Carolina D'Oxoguian
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